UTILIZAÇÃO DO OZONIO
Em 1837 o Ozônio é reconhecido como substância química.
A habilidade do ozônio para desinfecção de água foi descoberta em 1886 e em 1891 testes pilotos já eram realizados. A primeira instalação industrial de ozônio ocorreu em 1893, em Oudshoorm, na Holanda, na estação de tratamento de água potável da cidade.
O ozônio foi utilizado, pela primeira vez, como agente conservante de alimentos em 1909, em câmaras frias de estocagem de carnes. Entretanto, naquela época sua utilização como desinfetante não atingiu maiores proporções na indústria de alimentos devido principalmente ao seu custo em relação a outras substâncias como, por exemplo, o cloro (CHIATTONE et al., 2008).
Até 1914 o número de estações de tratamento de água utilizando ozônio cresceu e, na Europa, já havia pelo menos 49 instalações. Em 1936 o número passou para 100 instalações na França e 140 no mundo.
O cloro, sempre mais barato e mais usado sofre grande revés, quando em 1975 se descobre que gera compostos cancerígenos organoclorados, subprodutos de reações com matéria orgânica. » A principal preocupação quanto ao uso de cloro é a formação de organoclorados, os trihalometanos (THM).
Desta maneira o uso do ozônio tornou-se notório nas últimas décadas em função da implementação de padrões cada vez mais restritos em relação aos subprodutos da cloração.
Ao contrário do cloro, o ozônio não forma subprodutos halogenados com a matéria orgânica.
Somente em 1982 o ozônio foi declarado como substância reconhecidamente segura (GRAS – “Generally Recozined as Safe”), pelo FDA (Food and Drug Administration) com uso permitido apenas como sanificante para água engarrafada. Alguns anos mais tarde sua utilização foi estendida aos alimentos (Kim et al., 1999; Freitas-Silva & Venâncio, 2010).
A partir deste momento houve um crescente interesse na aplicação de ozônio no processamento de alimentos e a utilização de sua forma gasosa na sanitização surgiu como interesse alternativo ao tradicional tratamento à base de cloro em virtude da sua eficácia em baixas concentrações, pouco tempo de contato e sua decomposição em produtos não tóxicos.
É, portanto, um forte agente desinfetante com ação sobre uma grande variedade de organismos patogênicos, incluindo bactérias, vírus e protozoários, apresentado uma eficiência germicida que excede ao cloro.
Quando comparado a outros agentes oxidantes, o ozônio se destaca por ser o sanitizante com elevado potencial de oxidação que pode entrar em contato com alimento (2,07 mV). O ozônio é o segundo mais poderoso agente oxidante perdendo apenas para o flúor (3,06 mV) (Russel et al., 1999; Silva et al., 2011).
Deste modo, o alto poder de oxidação do ozônio lhe imprime elevada capacidade de desinfecção e esterilização permitindo que a ação sanitizante ocorra em menor tempo de contato e concentração (Silva et al., 2011).
Na indústria de alimentos, o ozônio pode ser utilizado em processos de sanitização de superfícies e equipamentos, bem como no uso direto sobre as matérias-primas com o objetivo de inativar microrganismos e aumentar a vida-de-prateleira dos produtos alimentícios.